Obrigação x abdicação

Na quarta-feira próxima, dia 8, termina o prazo para os eleitores regularizarem a situação junto à Justiça Eleitoral, seja para tirar o primeiro título, atualizar o domicílio eleitoral ou ainda pagar multas por ausências em pleitos anteriores ou ainda recuperar o documento suspenso ou cancelado.

Mairiporã, segundo dados oficiais, tem 11.947 títulos cancelados e outros 762 suspensos. Nos dois casos, o eleitor deixou de votar nas três últimas eleições e não apresentou justificativas. Importante lembrar que cada turno de votação é considerado uma eleição.

Para as autoridades, que exibem largo sorriso ao falar em democracia, o título de eleitor vai muito além de um certificado de alistamento eleitoral. Dizem alto e bom som, que trata-se de um documento que habilita cidadãs e cidadãos a exercer o direito de votar e de ser votado. Na contramão disso, o que se tem visto, pelo menos nas últimas dez eleições, na soma daquelas consideradas gerais e municipais, é a ausência crescente do eleitor quando chamado ao exercício das urnas.

Mesmo com a absurda obrigatoriedade de se votar, os brasileiros têm abdicado cada vez mais dessa prerrogativa, pois ao longo do tempo percebeu que as ‘moscas mudam, mas as panelas são sempre as mesmas’.

A Constituição Federal estabelece que a soberania popular deve ser manifestada pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. Isso consta, de fato, da Carta Magna brasileira, mas na prática, a soberania popular não existe e o valor igual para todos nunca foi visto. O que se vê é a soberania daqueles que detêm o poder e em seu nome se locupletam de tudo aquilo que lhes proporciona.

Um exemplo dessa democracia alardeada em prosa e verso: a milionária ‘contribuição’ com o dinheiro do povo, de mais de R$ 5 bilhões, para sustentar partidos políticos e seus integrantes, verdadeiro acinte num País onde a pobreza grassa e a área da Saúde é cada vez mais capenga, sem recursos, com hospitais cheios, falta de médicos e medicamentos e regiões sem nenhum tipo de atendimento.

A cada ano eleitoral a mesma ladainha é despejada nos meios de comunicação, convocando os incautos a escolher seus ‘representantes’ nos parlamentos e nas chefias dos cargos majoritários.

Portanto, caros leitores e eleitores, para exercer o direito ao voto nas eleições municipais deste ano, é preciso estar com o documento regular. E até dia 8, é possível colocar tudo em ordem. Ou não!