Só discursos

O comportamento dos vereadores em relação à Sabesp soa como deboche. Na sessão legislativa desta semana muitos deles fizeram uso da palavra para cobrar aquilo que a Sabesp acordou na renovação de contrato, em 2015, depois seis anos sem nenhum documento que permitisse continuar explorando o serviço de água.
Os discursos criticaram a concessionária por não realizar o que foi acordado, e o blá-blá-blá correu solto, com direito a cumprimentos ao autor da crítica, vereador Valdeci América.
Em que mundo vive os vereadores? Acaso acreditam que discursos inflamados e as críticas exacerbadas resolvem? Não é muito comodismo dos senhores ‘representantes do povo’ vociferarem e não tomar outras providências?
Por que os vereadores não buscam o Judiciário para cobrar a Sabesp como se deve? Essa falta de iniciativa é absurda e, por questão de justiça, não é de agora, vem de longa data.
A Sabesp é a maior poluidora da cidade, não contempla dezenas de bairros com água encanada, a coleta de esgoto não chega a 40%, numa cidade a 15 minutos da maior metrópole da América Latina e os senhores vereadores acreditam em discurso.
Convidar algum representante da Sabesp para se explicar na Câmara também não vai resolver. Isso foi feito em outras legislaturas e o encarregado da Sabesp fingiu que o problema não era com ele nem com a empresa.
A Câmara de Vereadores precisa sair da sua posição de apêndice do Executivo e cuidar como se deve dos interesses do povo. Se a Sabesp deita e rola na cidade há mais de 30 anos, é porque nossas autoridades permitem, se calam, se omitem.
Que nada se espere do governo municipal, pois o primeiro contrato se encerrou justamente quando atual prefeito iniciava seu segundo mandato, e fez como a Sabesp, fingiu que o assunto não era com ele.
Enquanto nossos vereadores fazem discurso, o povo dos bairros mais afastados fica sem água, sem esgoto e sem nenhuma perspectiva de que isso vá mudar.