Quando assumiu pela terceira vez a presidência da República, em janeiro deste ano, Lula certamente não contava com a fome voraz do Congresso em instalar apadrinhados de deputados e senadores em cargos da República, seja em ministérios, autarquias, fundações, secretarias, institutos, enfim, em todo o leque de opções que infla de forma absurda o governo federal.
O Centrão, formado por vários partidos sob o comando do presidente da Câmara dos Deputados, tem uma conduta que parece incontrolável e, a seguir no ritmo observado até agora, logo vai assumir o comando da maioria dos ministérios, em especial aqueles que têm polpudos orçamentos.
Lula, que parece dar mostras de cansaço político, de exaustão administrativa e nenhuma preocupação com problemas nacionais, tem gasto seu tempo em alinhavar acordos com o Centrão numa semana, e viagens internacionais na outra. Segundo a grande imprensa, em suas andanças mundo afora já torrou a soma de gastos de todos os seus antecessores com o uso do cartão corporativo.
Quando se vê apertado pelos deputados, deixa a impressão que seu terceiro governo parece carro velho. Só se fala em reforma, minirreforma, remenda aqui, remenda ali e o povo brasileiro caminhando cada dia mais para perto da “roça.”
No início do ano, Lula fez o maior auê ao nomear a frota da carreta furacão* casos da ex-atleta Ana Moser (sem partido) para o Ministério dos Esportes, o ex-governador Márcio França (PSB) para o de Portos e Aeroportos e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, da Indústria e Comércio (PSB). A primeira foi mandada embora, o segundo, viu a criação às pressas de um ministério sem nenhuma expressão para acomodá-lo e o vice balança conforme o vento sopra.
A tarefa de pilotar a carreta furacão, agora, é do Centrão, que distribui cargos da República para aliados que fizeram o ‘L’ e agora também aos que fizeram o ‘L’ debaixo da mesa.
O comportamento do presidente, em aceitar tudo aquilo que determina o Centrão, se deve à força do Congresso em não votar as reformas e prejudicar o discurso do Palácio do Planalto, sem a prática nefasta do ‘toma lá, dá cá’, ou ainda, dos velhos tempos do governo Sarney, do ‘é dando que se recebe’.
(*carreta furacão, é o termo usado pelo programa Pânico, da Jovem Pan, para se referir ao enorme cabide de empregos para abrigar os esquerdistas).