Bolas da vez

É inacreditável e condenável o comportamento dos políticos e a mídia, de modo geral, que colocam em evidência assuntos que não têm importância alguma para a população.

O que é que o povo brasileiro tem a ver com as jóias que a Arábia Saudita presenteou o governo do Brasil ou o presidente Jair Bolsonaro, ou a então primeira dama Michelle Bolsonaro? Isso vai fazer a cotação do dólar cair? A gasolina baixar? Vai derrubar o desemprego? Vai melhorar a economia e a inflação? Vai aumentar como se deve o salário mínimo?

Como este País é formado por uma maioria de incautos, o tema segue com capítulos diários, até surgir outro escândalo. Neste caso em particular, feita a denúncia e levantados os itens que deveriam estar no arquivo do governo, já seriam suficientes para colocar fim a essa questão. Se Bolsonaro errou, que seja processado, e fim de conversa.

Mas parece que encher o saco do povo com assuntos que não lhe dizem respeito é uma estratégia das velhas raposas do governo, para tirar o foco de problemas mais graves, que acabam colocados em segundo plano. Essa prática, utilizada por todos aqueles que passaram pelo Palácio do Planalto, é verdadeiramente uma ferramenta que se mostra eficaz.

Até outro dia, com resquícios ainda em alguns jornais, a bola da vez era a situação degradante dos yanomamis. Mas quando o outro lado da moeda vem à luz, como o ministro que andou pra lá e pra cá com avião do governo, a pá de cal é rapidamente utilizada. Como se dizia antigamente, quanto mais ignorante for o cidadão, melhor para os políticos.

Outro tema que começa a ganhar as manchetes, desta vez em nível mundial, é o início da quebradeira dos bancos, que teve início nos Estados Unidos, chegou à Suíça e parece ganhar velocidade até os mais distantes países. Tipo pandemia do coronavírus.

Esse descontrole do setor bancário já tira o sono de governantes, donos de bancos e investidores, cujas consequências, ainda sem pormenores, vão desaguar na nossa frágil economia, que vive aos solavancos e ao sabor da tal globalização.

Discussões e ações importantes, como a reforma tributária, aguardada há mais de 50 anos, seguem ocupando apenas um pequeno espaço no pé das páginas dos jornais ou flashes de 10 a 15 segundos nos noticiários da TV.