Os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral revelam que dos 53.894 eleitores regularmente inscritos em Mairiporã, apenas 250 têm idades entre 16 e 17 anos, que representam 0,47% do total. Ou seja, um pingo no oceano.
Se os cidadãos nessa faixa etária não têm obrigação de votar, em igual medida os números revelam desinteresse dos jovens pela política e pelo processo eleitoral. Dizer que a classe política não empolga quem quer que seja, especialmente os jovens, é constatar o óbvio.
Com 16 anos são 68 eleitores (dos quais 30 de homens e 38 de mulheres) e com 17 anos, cerca de 182, divididos entre 71 homens e 111 mulheres. E também não é nada animador o total de inscritos entre os que têm entre 18 e 20 anos. Na cidade, são 4,6% do colégio eleitoral.
Nos últimos dias o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recorreu a artistas, através das redes sociais, para estimular os jovens a tirar o título. O que também não quer dizer muita coisa, pois a posse do documento não garante a presença dos jovens nas cabines de votação. A data limite para que o cidadão esteja apto a votar é 4 de maio.
Região – Nas demais cidades da região a baixa adesão também é registrada. Caieiras tem 0,46% de jovens com idades de 16 e 17 anos, Franco da Rocha alcança 0,50%, Cajamar tem um pouco mais, 0,71% e Francisco Morato a melhor marca, 0,86% do total.
Somando todos os inscritos nessa faixa etária, as cinco cidades, juntas, tem 2.380 aptos a votar, para um colégio eleitoral de 386.324 eleitores.
O percentual também é baixo dos eleitores na faixa entre 18 e 20 anos: 4,6% (Mairiporã), 4,3% (Caieiras), 5,9% (Cajamar), 6,6% (Francisco Morato) e 4,7% (Franco da Rocha).
Mairiporã, nos últimos anos, registrou perda de eleitores e hoje é a que tem o menor colégio dentre as cinco cidades da região.
Em nível nacional, segundo o TSE, 13% da população entre 16 e 17 anos está regularmente inscrita e em condições de escolher candidatos. Esse percentual vem despencando ano a ano. Há exatos quatro anos, no pleito de 2018, o total chegava a 23,3%. Em quatro anos, a perda foi de mais de 55%.
Como reverter essa baixa adesão é um problema que a classe política não resolveu ou não tem nenhum interesse nisso. Campanhas se mostraram infrutíferas ao longo dos anos e repetir o mantra de que o voto é o principal instrumento de transformação social não cativa ninguém, nem incentiva a participação jovem nos debates sobre ideias para o País. A questão é que a maioria não acredita nos políticos.
Paralelamente a esse quadro nada animador, não se pode ocultar a realidade sobre a violência praticada contra esse estrato da sociedade brasileira. Segundo o Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançado no último final de semana pelo Unicef e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, há no País uma estarrecedora estatística: 35 mil crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos foram mortos de forma violenta. A maioria, adolescente.
Antes de cobrar o voto dos jovens, é preciso que as autoridades garantam a existência deles. (Wagner Azevedo/CJ – Foto: Divulgação)