As pesquisas com vistas à eleição presidencial estrearam ainda em 2021, a despeito da sua realização apenas em outubro deste ano. Se tornou prática comum, assim como o surgimento de novos institutos. Todos eles, salvo melhor juízo, atendem ou a interesses próprios, de grupos, de segmentos organizados da sociedade ou simplesmente de quem os contrata.
Depois de semanas alardeado como vencedor ainda no primeiro turno, agora Lula vê sua vantagem se reduzir e, mantendo-se a mudança, pode mesmo derreter e até ficar atrás de seu principal oponente, o presidente Bolsonaro.
Pesquisa no Brasil é uma eterna conta de chegar. Números são jogados ao vento até que a realidade começa a bater à porta e a velocidade com que mudam só não espanta quem as realiza. Tem sido assim desde a vitória de Fernando Collor de Mello, há mais de 30 anos.
Difícil, até para os mais incautos, acreditar que em determinado momento os números não sejam manipulados. Isto aqui, afinal de contas, é Brasil!
A tal conta de chegar dos institutos tem relação com erros históricos cometidos há alguns anos, quando todos falharam grotescamente depois de abertas as urnas. Quem não se lembra da eleição para prefeito de São Paulo, que todos os institutos davam como eleito o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que acabou derrotado por outro ex-presidente, Jânio Quadros. Ou ainda ao divulgarem uma virada sem precedentes na história política tupiniquim, em apenas 24 horas, quando Luíza Erundina foi eleita prefeita da capital paulista.
Mais recentemente, como uma espécie de instrumento de defesa, criaram a tal ‘margem de erro’, sem dúvida um respiro no uso do “2 pontos para mais ou para menos”. Nas contas dessas margens de erro, a folga com que contam os institutos chega fácil a 5%.
Até outubro dezenas de pesquisas vão brotar, candidatos vão amealhar e perder votos sem explicações plausíveis, outros serão defenestrados antes mesmo de chegarem às urnas, em um exercício maquiavélico que, na outra ponta, tem nome e endereço: o contratante.
Enquanto isso e em meio a tudo isso, os mortais brasileiros vivem de incertezas, em que realidade e fantasia se fundem em tempos de pandemia, de desemprego, de carestia e de uma criminosa disputa frenética pelo dinheiro público.
Pesquisa no Brasil não tem, mas deveria ter como slogan a frase icônica do velho guerreiro Chacrinha: “Não vim para explicar, vim para confundir”.