Li na última edição deste semanário, editorial sobre a decisão do Congresso em afrouxar as regras de combate à impunidade praticada por aqueles que ocupam cargos eletivos, ou seja, de vereador a presidente da República.
É inquestionável a capacidade dos políticos brasileiros em locupletarem-se do dinheiro público, vide o fundo partidário, que consome bilhões do bolso dos trabalhadores.
A legislação que vinha resistindo heroicamente, como a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei da Ficha Limpa, já não servem para punir os mal feitos da classe política, que são muitos e cada vez mais crescentes. Agora as punições serão bem mais brandas para quem saquear o erário.
Enquanto o País está mergulhado em uma crise econômica que não tem data para acabar, nossos legisladores buscam blindar os políticos que são useiros e vezeiros em mal feitos, desde o pequeno município até a Capital da República.
Punição pra valer, mesmo, só em último caso, não sem antes percorrer aquele caminho longo e interminável do Judiciário. E até que se transite em julgado qualquer decisão, mal feitores podem participar de eleições e ocupar cargos eletivos sem que sejam incomodados. Uma inversão de valores à qual cabe bem uma analogia: “é a banana comendo o macaco”.
Os argumentos usados para justificar as mudanças são os mais estapafúrdios, como se existisse algum governante tupiniquim que não soubesse o que faz quando na função de gestor da coisa pública. Diz uma das mudanças, que por vezes o responsável pela canetada não teve intenção de ‘cometer equívocos’. Fico a imaginar se tivesse, de fato, a intenção de meter a mão no dinheiro suado do povo brasileiro, como acontece, de fato.
Num País em que todo mundo manda, mudam as leis ao sabor dos interesses pessoais e de grupos, onde não se sabe mais onde começam e terminam os direitos dos três poderes da República, resta apenas rezar, orar fervorosamente para que Deus se apiede do povo. E isso, se não surgir uma lei que proíba rezar em busca de salvação.
Em boa fé de político, até Deus duvida.
Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988