Gabriel, o Anjo que Mairiporã confia

Indubitável que o atendimento oferecido pelo hospital de campanha “Anjo Gabriel” é de primeira linha. Já fiz elogios neste espaço a respeito do trabalho dos profissionais de saúde, mas nesta semana é preciso enaltecer não apenas a estrutura, mas principalmente o quanto o atendimento é humanizado.

Em dias que se fala de empatia e compaixão, as redes sociais estão cheias de menções unânimes dando conta de que sem exceções, os profissionais que lá atuam recebem a população com carinho e respeito. Por sinal, apesar da calamidade em que vivemos e do fato do atendimento ser regional, os mairiporanenses não tem sofrido com falta de respiradores ou longas filas de espera.

Soube de pessoas que se arrependeram de transferir seus familiares para clinicas particulares em municípios vizinhos, onde não tiveram a mesma humana atenção.

Uma construção polêmica e incertezas a respeito do questionamento se o funcionamento seria viável ou não. Depois, a teimosia política de transformar o prédio em ambulatório médico. Veio a pandemia e diante da necessidade, finalmente o hospital passou a funcionar pouco mais de um ano atrás. O tempo mostrou que a cidade precisava sim de um espaço como aquele.

Deixando fatos históricos políticos de lado, é preciso pensar que quando se trata de saúde não há lado. O ser humano padece e isso independe de sua condição social e ultimamente independe até mesmo de idade. Caiu por terra a concepção de grupo de risco. Todos estamos em risco e o inimigo é silencioso e traiçoeiro.

Em Mairiporã, o conforto de saber que logo ali o polêmico “Anjo Gabriel” surgiu com suas cores e formas e está de portas abertas. Ninguém quer ter que ir até lá, mas se necessário for, receberá o afeto semelhante aquele que se oferta a um filho. Qualquer um lá dentro poderia ser chamado de Gabriel.

Estaria justa a menção ao anjo, pois igualmente celestiais, desempenham o papel de portar a mensagem de boas novas. Muitas vidas ceifadas de forma repentina e surpreendente, mas muitas salvas diariamente. Salvação que desde a porta até o corredor de aplausos se desdobram inúmeras naquele prédio abençoado onde milícias combatem o vírus e nos ajudam a diminuir as dores, quase sempre furtando delas o direito de fazer chorar, substituindo pela alegria de dizer que venceu a doença.

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb