Aqueles tempos do lulopetismo, que permitiram todo tipo de disparate fiscal nas prefeituras, notadamente entre 2005 e 2010, deu lugar ao desespero. Quadro de funcionários inchados, concursos públicos sem necessidade e com salários milionários, em especial nas cidades de pequeno e médio portes, são agora práticas do passado. O que se vê agora são prefeituras dependentes quase que 100% de transferências tributárias da União.
O rombo nos cofres das prefeituras está próximo de R$ 1 bilhão, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Tempos de vacas gordas, de burras cheias e de muito dinheiro para cargos comissionados, chegou ao fim. Sete de cada dez prefeituras estão com as contas no vermelho.
A crise econômica, segundo os entendidos, não tem prazo para acabar. Se continuar no ritmo atual, quem sabe em 2020 as coisas comecem a melhorar. À reboque, trouxe a redução abrupta nos repasses financeiros de Estado e União. Se colocado nesse imbróglio o medo dos prefeitos de enquadramento na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que pune o gesto público que deixe restos a pagar sem dinheiro em caixa, a tragédia está consumada.
O serviço público oferecido à população, neste momento, é cenário de terra arrasada. Milhares de funcionários em cargos de comissão demitidos, serviços urbanos paralisados, oferta de ambulâncias quase zero e até coleta de lixo reduzido à metade, são alguns dos reflexos dessa crise. Nem é bom falar em falta de médicos e medicamentos nos postos de Saúde e na entrega de água a bairros servidos por caminhões-pipa.
A maioria dos prefeitos diz não saber onde mais cortar nos gastos públicos. No desespero, cidades estão esticando feriados e reduzindo horário de atendimento pela metade. Receita própria é um quesito que deixou de constar nos orçamentos.
Não custa lembrar novamente: a crise é grave e deve se alongar no tempo. E se possível, pois político é tudo igual, que sirva de lição para que os prefeitos que irão assumir os cargos em janeiro, planejem com mais atenção os caminhos dos municípios que irão governar.