60 dias

Em se tratando de notícias do Governo Federal, seja ela de qualquer origem, é bom fazer uso daquilo que o apóstolo Tomé preconizava: “é melhor ver, para crer”.
A notícia de que os preços dos alimentos, há meses nas alturas, devem baixar nos próximos 60 dias, é uma dessas informações que carece de ver primeiro, e se realmente vão impactar no bolso do trabalhador.
A coisa anda tão descontrolada, que a opção à carne, sempre cara, também subiu assustadoramente: o ovo. Trocando em miúdos, o cidadão que não pode comprar carne, também se viu sem seu plano B. Em algumas localidades, a dúzia do produto custava R$ 33.
Se a promessa de queda nos preços, feita pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, vem como uma luz no fim do túnel, a expectativa vai durar até 25 de junho para ver e saber se foi uma promessa impossível de ser cumprida ou, de fato, se concretizou.
Quando anúncios oficiais são feitos em favor da população, a descrença é quase unânime. Também é bom lembrar que o Banco Central sinalizou, na terça-feira (25), previsão de novo aumento na taxa Selic, marcada para o início de maio.
Essa estimativa é justificada pela continuidade do cenário considerado adverso para a inflação, além da elevada incerteza e das defasagens do ciclo de aperto monetário. A avaliação está na ata do Comitê de Política Monetária, que lembra que na semana passada, o Copom elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano.
O interessante nas intervenções do governo Lula, é que os benefícios vêm acompanhados de péssimas notícias. Até porque, vem mais uma elevação na taxa de juros, com irreversível reflexo nos preços da comida.
Ainda com relação ao que disse a ministra, “que o momento atual exige coragem para cortes nos gastos que nascem de políticas públicas ineficientes, e que, portanto, deve haver equilíbrio das contas do governo”, o discurso precisa estar em sintonia com o Palácio do Planalto, o que, via de regra, não acontece.
Bom lembrar que a população, de modo geral, não acredita mais no governo petista, que tem colecionado avaliações negativas, principalmente o presidente Lula.
Agora, como única alternativa aos cidadãos, só resta esperar pelos 60 dias.