Sobre a tocha

Os jornais da cidade noticiaram no último final de semana a passagem da Tocha Olímpica pelas ruas de Mairiporã. Se era ou não a tocha oficial, isso agora não tem nenhuma importância, pois milhares de cidades no País tiveram esse mesmo rito, diga-se de passagem de uma imbecilidade sem tamanho.
A chama, que veio do berço dos jogos, a Grécia, vai acender a pira já colocada no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Os que defendem o seu desfile por diferentes cidades, falam até em civismo, em dar a oportunidade das pessoas de verem de perto a tocha, enfim, uma série de baboseiras que não vai diminuir a dívida externa, reduzir o valor do dólar e muito menos acabar com o desemprego. E os jogos, é bom ressaltar, são destinados a um público endinheirado, que pode pagar pelos ingressos caros. A patuleia, como diz o genial Élio Gáspári, vai ver pela televisão.
Faz-se imperioso dizer que a tocha é vendida a quem quer desfilar e também cobrada da cidade para inclusão no ‘roteiro oficial’. Esse tipo de ação foi muito criticada, mas contou com a anuência extravagante do Governo, que para tanto dispendeu vultosa quantia dos cofres públicos.
Não serve para coisa alguma a discussão sobre a tocha olímpica, se verdadeira ou não, se oficializada ou não. O que deveria ser objeto de análise é a falta de investimentos em cultura e esporte, a falta de centros esportivos e de equipamentos adequados para o desenvolvimento sadio de crianças e jovens, o que reduziria os gastos em saúde. Certamente não se supõe que ações culturais são emancipatórias.
A celeuma nas redes sociais, na maioria das vezes, não vai além de discussões sem interesse e sem resultados práticos para a melhoria de vida das pessoas. Não se vê, com a mesma ênfase, criticas aos governos em todos os seus níveis, nem movimentos que contribuam para esclarecer os incautos, que em última análise são os que elegem os políticos, os mesmos que meteram o País na maior corrupção já vista no planeta.
A passagem de uma simples tocha pelas cidades, para aplauso da enraizada massa de manobra, que infelizmente é cada vez mais crescente no País, não tem qualquer serventia.
A imprensa local apenas noticiou o evento, e o fez com base nas informações que lhe foram passadas. Se era ou não a tocha oficial, que diferença isso fez? Em que melhorou a vida dos mairiporanenses?
Assim como a Copa do Mundo pariu ‘elefantes brancos’ que consumiram bilhões de reais dos cofres públicos, os Jogos Olímpicos também vão dar sua contribuição.

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