Sessão de Câmara: poderoso sonífero

Debate é uma prática comum em parlamentos por todo o mundo. Menos em Mairiporã. Por aqui impera o blá blá blá e nossos intrépidos vereadores não fazem questão alguma de modificar o panorama. Isso vem de longe, mas na atual composição legislativa, consolidou-se. Debater projetos e propostas é uma prática importante e dá transparência ao processo legislativo, torna a reunião semanal mais atrativa e menos sonolenta e pode, até, contar com a participação popular. No entanto, estamos léguas de distância disso.
Os vereadores, que primam pela falta de vontade em discutir os problemas da cidade, limitando-se a referendar aquilo que o Executivo envia para discussão e votação, dificilmente vão mudar de rumo, pois a facilidade em propor títulos de cidadania, indicações inócuas e votos de aplauso e de pesar, se mostram, na visão deles, tarefas que não demandam esforço, principalmente intelectual, e certamente rendem alguns votinhos nas eleições.
Ledo engano. A prática é a mesma quando cada gabinete tinha em carro à disposição, rapidamente transformado em ambulância, cujo retorno eleitoral foi zero.
Esse rito de não debater as matérias de interesse da sociedade, ceifa a participação popular dos grandes debates, induz o parlamento à situação em que se encontra há décadas, com plenário vazio, audiência zero pela internet e sessões relâmpagos.
Sem apelo para que a sociedade participe ativamente do processo, o que sobra é um legislativo improdutivo e sem vontade de mudar. Pode até ser que para muitos dos vereadores a letargia atual é conveniente, pois quanto menos o cidadão souber deles, menos riscos correm de não serem reeleitos. A necessidade de mudança é clara. Como está, é um poderoso sonífero.