Pintando o Sete

Na década de 1980, anos românticos em que os eleitos pelo povo trabalhavam com foco na sociedade, fui vereador e presidente da Câmara e dentre os muitos projetos que apresentei um em especial chamou a atenção da cidade e da comunidade escolar, aprovado com apoio de meus nobres pares.
O texto, que virou lei, recebeu o nome de “Pintando a Cidade”, cujo objetivo era professores e alunos pintarem muros de terrenos baldios para não só melhorar a paisagem, mas também para acabar com as pichações. À época contamos com o inestimável apoio de um fabricante de tintas. Foi um sucesso e quem era criança naquela época deve se lembrar.
Com o passar do tempo e a falta de incentivo crônica que permeia nossas autoridades (prefeitos e vereadores), aquela iniciativa deixou de ser uma salutar e criativa atividade que envolvia a comunidade escolar e, por extensão, outros segmentos.
O tema me veio a lembrança esta semana porque notei que o senhor prefeito Antônio Aiacyda está pintando de branco guias e sarjetas, certamente uma marca de seus grandes feitos à frente da administração municipal, bem como paredes sob o pontilhão da rodovia Fernão Dias, e outros recantos espalhados pela região central.
Certamente não se inspirou naquela minha propositura, pois o serviço feito agora é rudimentar, adjetivo único para nominar essa empreitada.
Quem conhece os atributos do senhor prefeito sabe perfeitamente que ele não iria além de ‘caiar’ (pintar com mistura de cal e água para dar cor branca a uma superfície) os locais escolhidos. Pintura passou longe.
Mas também não deixo de reconhecer que sua Excelência, neste mandato, a bem da verdade, está mesmo é ‘pintando o sete’.