O plano

O plano não era esse. Mas o plano mudou. Era para ser assim, assado. Mas não será mais. Queria de tal maneira, mas será de outra. E tudo bem: as coisas mudam. Quando saem do jeito que a gente imaginava? Raramente. O incontrolável recebe esse nome justamente por ser aquilo que a gente não pode decidir.

Em um primeiro momento é difícil aceitar, até que não sobra nenhuma outra alternativa. Todas as calmas e as esperas e os em breve não se sustentam mais. Tudo muda, menos uma coisa: o tempo não para.

O plano do tempo, esse sim, não tem desvio de rota. É incontestável, por mais que a gente tente. O que fazer? O normal é se desesperar quando cai a ficha que estamos correndo contra ele. Mas quem tem culpa desse desespero não é o tempo, somos nós quando nos recusamos a aceitar que o plano mudou, que precisa ser diferente. Não precisa ser pior, não precisa ser melhor. Precisa ser diferente.

Até pouco tempo estava esperando que o mundo se mexesse por mim na ilusão de que, andando um passo para lá, um passo para cá, tudo voltaria ao normal. Mas quando o mundo foi normal?

Ele já não é o mesmo de 100 anos atrás, não é o mesmo de ontem e não será o mesmo amanhã. E quem somos nós para recusar ou a nos adaptarmos aos modos dele? Como uma criança, gritar não adianta. Pode parecer que adianta. Não adianta. Fechar os olhos então? Caminho para a ruína.

Agora, diante do fato, é reescrever o plano. Porque o plano não era esse. Mas o plano mudou.