Há 50 anos

Poetas, escritores, autores e músicos sempre tiveram na Lua uma inesgotável fonte de inspiração. Até Chiquinha Gonzaga, a pioneira entre as mulheres artistas, não resistiu e compôs uma das imortais obras do cancioneiro popular, que começava com os versos…

“Oh, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Ah Vem tirar dos olhos meus o pranto
Ai vem matar essa paixão que anda comigo…”

O fascínio, contemplação, encantamento e até religiosidade que fizeram da Lua não apenas um satélite da Terra, mas ingredientes importantes no dia-a-dia das pessoas, de certo modo acabaram no dia 20 de julho de 1969, quando o ser humano por lá desembarcou, fato que neste sábado completa 50 anos. Como o mundo tem centenas de milhares de descendentes de São Tomé, conhecidos por céticos, existem os que ainda não acreditam na história e que tudo não passou de encenação dos norte-americanos. Afinal, é nos EUA que estava Hollywood, a terra da magia, da ficção.
Se de certo modo a chegada do homem à Lua quebrou os pendores românticos dos casais de namorados e desmistificou a crença de que por lá habitasse São Jorge e seu inseparável dragão, de outro serviu de base para o avanço da tecnologia e propiciou infindáveis estudos científicos. A frase “Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”, dita por Neil Armstrong, o primeiro a pisar em solo lunar, entrou para a história, e veio se somar a outra, dita oito anos antes pelo russo Iuri Gagarin e não menos importante: “A Terra é azul”. Ambas, emblemas da conquista espacial.
A exploração do desconhecido sempre povoou o imaginário das pessoas. Até a televisão, no tempo em que era movida à lenha, já tinha os seus seriados e desenhos com seres extraterrestres e heróis a combatê-los. Que o digam os marcianos e venusianos, que durante anos permearam o imaginário das crianças.
Hoje, o olhar está muito além da Lua, os homens querem chegar a Marte e se dedicam a isso de corpo e alma, respaldados por milhões de dólares. Mesmo que consigam, Marte nunca inspirou poetas e namorados.
Para os românticos e saudosistas, a letra completa de ‘Lua Branca’, de Chiquinha Gonzaga, do tempo em que se faziam músicas e poesias. BHBFV

LUA BRANCA

Oh, lua branca de fulgores e de encanto,
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo,
Ah, Vem tirar dos olhos meus, o pranto,
Ai, vem matar essa paixão que anda comigo.
Oh, por quem és, desce do céu, ó lua branca,
Essa amargura do meu peito, ó vem, arranca,
Dá-me o luar de tua compaixão,
Ah, vem, por Deus, iluminar meu coração.
E quantas vezes lá no céu me aparecias,
A brilhar em noite calma e constelada.
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada.
E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo,
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo.
Ela partiu, me abandonou assim,
Oh, lua branca, por quem és, tem dó de mim!