Até onde era conveniente

O cinismo da classe política é algo que jamais se esgota. Ao contrário, tem a capacidade de renovar-se a cada minuto.

Na última semana o presidente Bolsonaro se viu preso a uma coleira, colocada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), impedindo suas medidas que visavam a retomar a vida econômica no País. Quem imaginou, àquela altura, que a ciência havia vencido, viu tudo mudar como num passe de mágica, com a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Se a coleira colocada em Bolsonaro pelo Supremo era para evitar o afrouxamento da quarentena, do isolamento, para as prefeituras foi uma autorização para a vida voltar ao normal, se é que isso vai acontecer um dia.

Tão logo publicada, a decisão do STF fez chover decretos nos municípios, reduzindo a pó de traque a quarentena imposta pelo Governo do Estado, autorizando a reabertura dos comércios. As recomendaçãos da Organização Mundial da Saúde também foram postas de lado.

Se até então os prefeitos, inclusive e principalmente Aiacyda, cumpriam com fidelidade as imposições do senhor governador João Dória, isso cessou no momento da decisão do Supremo. Afinal, caros leitores, este é um ano eleitoral.

Trazendo para um linguajar mais ao feitio do povo: enquanto interessou, trazendo para nosso pequeno mundo, Aiacyda manteve os setores econômicos da cidade fechados. Nesse mesmo período, nunca é bom lembrar, usou e abusou do decreto de calamidade, que lhe permitiu contratações sem licitação e outras modalidades que dispensadas de prestação de conta. O paraíso quase possível na Terra.

Se a quarentena era ou não necessária, trata-se de uma discussão para especialistas, embora nenhum deles saiba bulhufas sobre essa pandemia. O que se sabe, à perfeição, é que a prefeitada não se fez de rogada e jogou de acordo com os interesses, eleitorais, claro.